"Como é evidentemente muito dificil escrever a verdade, no interesse dela eu me permiti às vezes ir um pouco além ou ficar um pouco aquém."

Robert Capa (1913 - 1954)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O umbigo do mundo

Aqui estamos na Ilha de Páscoa, o Umbigo do Mundo e a terra do povo Rapa Nui. Foi para essa ilha que meus pais fizeram a primeira viagem para o exterior juntos em 1977. Eu estava só na tentativa. Mas desde pequeno tinha um Moai me olhando na estante da sala. Chegou o momento de visitá-los.
Para chegar aqui nossa viagem começou no sábado em Santiago. Fomos recebidos pelo cidadão emérito de Big River e candidato à emérito do Chile, Fabio "Ita" Santos e a Mari. Almoçamos e partimos rumo ao Pacífico. Paramos em Valparaíso para caminhar um pouco e pegar um dos elevadores para cima do morro. Esses elevadores são muito bala, de madeira anti-cupim e com um sistema de engenharia que parece a moda bicho, mas aguenta "templores" e tsunamis. Lá de cima é outra cidade, com ruazinhas estreitas, cafés, hostels e uma vista sensacional do oceano. No final da tarde passamos por Viña del Mar, que estava atrolhada de gente. Adentramos Santiago no início da noite e ainda demos uma olhada de revesgueio no Palácio da Moneda (sede do governo) e nos prédios históricos do centro.
Por fim, o Ita preparou uma paleta de "oveja" patagônica de cair os butias do bolso.


Na manhã de domingo pegamos um 787 para Ranga Roa, a única pseudo cidade da Ilha de Páscoa. Sendo o lugar mais isolado do mundo, essa famosa ilha fica a 3.400 km da costa chilena e a 1.900 km da ilha mais próxima. Por isso os Rapa Nui achavam que lá eram o centro do universo.Hoje menos de 6.000 pessoas vivem na ilha.


Na chegada já pagamos a entrada do Parque, que custa U$ 60 ou 30 mil pesos (algo como U$ 42). Pagamos em pesos, por supoesto. Fomos para o Kaimana Inn, hotel relativamente justo. Pesquisamos e os passeios de um dia inteiro custam cerca U$ 60 por cabeça e o aluguel do carro U$ 90 por um dia e meio. Caranga neles! Alugamos um Suzuki Jimmy bala! 4x4, tinindo!


Durante os dois dias em que ficamos na ilha visitamos mais de uma vez diversos lugares. Esta foi a facilidade de alugar o carro. No Rano (vulcão) Kau, que fica no sul da ilha, fomos duas vezes. A primeira para ver a cratera e a segunda para visitar a Aldeia de Orongo. Essa aldeia era um lugar sagrado e onde os homens-pássaros lançavam-se ao mar em busca do primeiro ovo da ave manutara (o filme Rapa Nui dos anos 90 é baseado nessa batalha). Este primeiro ovo ficava numa ilhazinha ao lado chamada Motu Nui. E os meus guris se atiravam rochedo abaixo atrás do tal ovo. Barbosinha!




Visitamos também diversos Ahus (plataformas), onde os moais eram colocados. A Ahu Tahai é a única em que o moai possui olhos. A Ahu Akivi é a única em que os moais estão de frente para o mar e possui hoje 7 bem conservados.


O mais visitado dos Ahus foi o Tongariki, que localiza-se a nordeste da ilha e possui 15 moais. É o famoso "Los 15". Lá fomos no final da tarde de domingo e duas vezes na segunda-feira. Uma delas chegamos para ver o nascer do sol que nesta época do ano está bem atrás deles. Sensacional! Saímos às 6 da matina do hotel e em 20 minutos estávamos lá. As fotos abaixo falam por si!




De Tongariki passamos pelo Ahu Te Pito Kura, onde está o famoso umbigo do mundo. Na realidade, é uma pedra não muito grande que dizem ter alguma propriedade magnética. Seja lá o que for, na nossa presença ela estava de vacaciones.
Seguimos em frente até a praia de Anakena. Além de ser uma praia com água transparente e areia bem clara, ela nos reserva 5 moais, sendo 4 deles com Pokau (chapéu). O contraste dos moais com a praia é fenomenal.


Outro ponto clássico da ilha é o vulcão Rano Ranaku, também conhecido como o local em que os moais eram fabricados. Lá estão mais de 300 moais enterrados ficando, na maioria das vezes, somente a cabeça para fora. E eles decidiram mantê-los assim, pois enterrados ficam melhor conservados. O que nos fez pensar é na forma que estes galos transportavam estes moais para todos os pontos da ilha. É difícil de acreditar que tenham empurrado sobre os troncos de árvores, mas é o que reza a lenda. Falando nisso, aconselho um livro muito bom chamado Colapso, do Jared Diamond. Um dos capítulos é dedicado à Ilha de Páscoa e são detalhadas as teorias do motivo da construção dos moais e o colapso da civilização.



O Rano Raraku fica bem perto "de Los 15", então passamos lá novamente e pegamos uma japonesa de vestido branco ao vento fazendo um book.
Entregamos o nosso carro às 8 da tarde depois de mais de 200 km rodados na ilha. Num primeiro momento achamos que a ilha era pequena, mas quando começamos a andar, nós demos conta que não é bem assim.
O nosso voo sai somente a uma da manhã e estamos a bangú desde o final da tarde. O interessante é que fizemos o check out do hotel às 10 da manhã e a temperatura estava perto dos 30 graus e vento. Coitado de quem vai ao nosso lado no voo, pois banho só em Papete, no Taiti, depois de no mínimo 5 horas de voo.

Adeus Rapa Nui, um dia voltaremos!
Valeu Ita e Mari pela hospedagem! Sem palavras!

Grande abraço!

7 comentários:

  1. Barbosinha!! Mais do que espetacular!!! Teu texto tá matando a pau. Hehehe!!

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  2. O moai te olhando desde pequeno na estante da sala matou a pau!!! Estava com saudades de ler teus textos... Dale!!! Polinésia neles!!! Bjs pra vcs!!!

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