"Como é evidentemente muito dificil escrever a verdade, no interesse dela eu me permiti às vezes ir um pouco além ou ficar um pouco aquém."

Robert Capa (1913 - 1954)

terça-feira, 24 de março de 2009

Dias 19, 20 e 21: O retorno

Fala pessoal,

Eu voltei, quer dizer, nós voltamos! Meia boca, mas vivos!
A volta iniciou no sabado, quando meu pai acordou com indisposição intestinal e vômitos. Como pela manhã pegariamos um vôo para Delhi e à tarde outro vôo para Chennai no sul da India, resolvemos, assim mesmo, seguir viagem. Quando chegamos em Chennai, após um telefone para o médico no Brasil, fomos atrás no aeroporto de um ambulatório para o meu pai tomar uma injeção de plasil ou algo semelhante. Nem preciso dizer a batalha que foi para fazer um médico indiano dar a injeção e também de apresentar o plasil ou semelhante para o médico. Mas conseguimos! Fomos para um hotel em Chennai e o quadro do Thirras não melhorou e então saímos a procura de um hospital em Chennai a meia noite de sábado! Encontrar alguem que fale inglês em Chennai já foi meio dificil, imagina um hospital. Pergunta no hotel, pergunta no barzinho, pergunta para o motora do rickshaw...até que descobrimos uma tal clinica! Show do horror é um elogio....o Fabio filmou a "clinica", mas para uma visualização melhor...pense numa casa de praia, do Cassino por exemplo, que foi fechada em final de fevereiro e quando se vai visitar lá pela metade de julho. Dá para imaginar? A tal "clínica" era mais ou menos isso, só que com uns leitos lá por dentro, 3 quadros 50x70 na parede (um de Jesus Cristo, um da Vishnu e outro de Meca), mais umas 8 pessoas sem fazer nada e nenhum paciente. Seria um bom sinal? Ou seja, todos sobreviveram e já foram curados? Ou todos foram para o vinagre? Bom, na hora não tinhamos muita opção, apenas acreditar no sistema. Segue a descrição das pessoas:
- um velho na porta: chegamos a conclusão que ele era o porteiro. Conclusão chegada somente devido a ele estar na porta, porque na realidade não tinha função alguma;
- 3 enfermeiras: as 3 eram Tamil (um dos povos da India) e só falavam Tamil ou Hindi. Uma delas estava até de pés descalços e apenas uma outra falava algumas frases de inglês, bem poucas frases. O mais interessante é que até a hora da gente ir embora, elas ainda achavam que a gente sabia falar Tamil, porque o tempo inteiro vinham falar com a gente em Tamil. Ah...o conhecimento delas de enfermagem era bem próximo do meu e do Fábio;
- o bigodudo da farmacia: responsável pela disponibilização de remédios e soro. Após a consulta com o médico, fomos na farmácia comprar o soro e um remédio que eles queriam dar para o meu pai. Não deixamos é claro, mas compramos para dar um apoio financeiro a "clínica". Volta e meia ele aparecia do nosso lado dando uns palpites de remédios;
- o dono da "clinica": palpiteiro de plantão, ficava pela volta tentando falar ingles com a gente e, obviamente, dando palpite;
- o médico: tava com um baita sono, fez seu papel....receitou soro fisiológico para o Thirras;
- a faxineira: e era o que faltava, a faxineira, não menosprezando esta casta, mas a faxineira da "clínica" era de cair todos os butias que ainda restavam nos nossos bolsos. Citarei apenas uma participação dela: um determinado momento a enfermeira derramou um pouco de soro no chão. Eis que ela fala alguma coisa e se vem a representante da casta das faxineiras para limpar o chão. Levantou de um dos leitos com, uma cara do avesso, viu a sujeira, olhou para o lado e tinha uma espécie de tapete pequeno. Não é que ela esticou a perna até o tapetinho e puxou até a sujeira. Limpou como a cara dela e voltou para o seu leito.
Após um litro de soro, por volta das 4:30 da manhã saímos da "clínica" de volta para o hotel. Como ele melhorou um pouco, decidimos seguir viagem para Colombo no Sri Lanka como estava programado. Ao chegarmos resolvemos abortar a viagem e trocar nosso vôo para o Brasil.
Como o vôo para Dubai era as duas da manhã, aproveitamos para dar uma volta por Colombo, que surpreendeu positivamente. O resto da viagem foi dentro de avião, 4 horas Colombo - Dubai, 4 horas de espera e mais 15 horas de Dubai - São Paulo, e finalmente o vôo SP - POA. De sábado pela manhã quando saímos de Daca em Bangladesh, foram 3 dias, 6 vôos, em torno de 27 horas no ar e o pior, apenas 1 banho. Adaptação completa ao "way of life" indiano!
Com relação a saúde do meu pai, está medicado e voltando a normalidade, diz ele se preparando para a próxima, mas sinceramente, acho que a minha mãe não vai deixar! ;)
Agora de volta a rotina e trabalhar para a próxima em 2010! O local da próxima batalha? Existem algumas idéias, umas roots (Egito) outras mais lights (Cuba), vamos ver. Como nos perguntaram se tinhamos escolhido esta viagem por causa da novela da Globo, quem sabe não ficar de olho nas próximas novelas...

Valeu e abração a todos!
Leonardo

P.S.: Quando organizar as fotos vou colocar em algum site ou é só aparecer lá em casa! Cerveja gelada sempre tem!

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